O DESENHO DE BRASÍLIA
Resumo
A capital do Brasil, inaugurada há 50 anos, é considerada um marco da arquitetura moderna brasileira e internacional. Seu traçado e seus palácios trazem como primeira referencia o vocabulário moderno, conforme este se desenvolveu a partir dos anos 1930 no país. O trabalho enfoca outros aspectos que podem ajudar a ampliar a explicação, tanto da solução construída quanto das transformações a que esteve sujeita no seu desenvolvimento como grande cidade. Procura estabelecer uma conexão histórica com as questões relativas à modernização brasileira e aos dilemas de sua matriz arquitetônica moderna, da qual Brasília foi o clímax e conclusão. Os conflitos inerentes a esse processo de modernização se transformam em "problemas da forma", que nesta instância foram equacionados. A dualidade do desenvolvimento nacional incide no gesto inicial do projeto: a cruz que demarca o início da megaoperação, que não apenas constrói uma cidade, mas conquista uma nova fronteira no vasto território então inexplorado. Estão em jogo nesse desenho os impasses do desenvolvimento industrial brasileiro, e as próprias aporias da modernidade arquitetônica, na conjuntura do final dos anos 1950. Neste pequeno espaço, o artigo procura compreender o significado social do que aparece como traço, como gesto.