Vidas que importam
Por uma agenda de cidadania e de não violência nas favelas cariocas
Resumo
Nos últimos anos, o Brasil e o Rio de Janeiro parecem haver entrado em uma espiral de caos: as crises política e econômica ajudam a alimentar os retrocessos sociais e, principalmente, as diversas formas de violência contra os cidadãos mais estigmatizados e marginalizados do país. As favelas que haviam experimentado um tênue processo de inclusão social, econômica e espacial por conta dos programas de inclusão socio-espacial voltaram a sofrer com as violações de direitos, comprometendo a promessa de construção do direito à cidade formulada nas últimas décadas. Contudo, apesar dos retrocessos e do sentimento de desesperança, acreditamos ser possível refletir sobre as conquistas e retrocessos recentes e pensar nos possíveis caminhos de inclusão e de cidadania. Este trabalho visa, portanto, contribuir para o debate sobre uma agenda urbana baseada na não violência e na consolidação da cidadania, com reflexões sobre a ampliação de poderes gerada por novas formas (possíveis) de democracia e, não obstante, novas alternativas para a (re)construção do direito à cidade no Brasil. Argumentamos aqui que, as favelas se apresentam como locais de resistência, ativismo e transformação, nos quais os moradores clamam por direitos e visibilidade. Nossa reflexão apoia-se nas teorias de democracia radical e nas teorias radicais de planejamento, buscando analisar os novos rumos da cidadania e do direito à cidade em meio a esta transição política e paradigmática contemporânea.
Downloads
Métricas
Referências
AVRITZER, Leonardo. O orçamento participativo e a teoria democrática: um balanço crítico. In: A inovação democrática no Brasil. São Paulo: Cortez, p. 13-60, 2003.
AVRITZER, Leonardo; SANTOS, Boaventura de Souza. Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
CARVALHO, J. M. A Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
COUTINHO M. DA SILVA, Rachel (org.) A Cidade pelo Avesso: desafios do urbanismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Viana & Mosley e Editora PROURB, 2006.
COUTINHO M. DA SILVA, Rachel. “A urbanidade na cidade contemporânea entre fronteiras e trincheiras”, In Rachel Coutinho M. da Silva (org.), A Cidade pelo Avesso: desafios do urbanismo contemporâneo, Rio de Janeiro: Viana&Mosley/PROURB, 2006, pp. 23–40.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1994.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.
FRIEDMANN, John. Insurgencies: Essays in planning theory. Routledge, 2011. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203832110
HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
HOLSTON, James. Cidadania insurgente: disjunções da democracia e da modernidade no Brasil. Editora Companhia das Letras, 2013.
HOOKS, B. “Representation and Democracy: An Interview”. In TREND, D. (ed.) Radical Democracy: Identity, Citizenship, and the State. New York: Routledge, 1996, pp. 228-236.
LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política democrática radical. São Paulo: Intermeios, 2015.
LATOUR, B. Políticas da Natureza: Como fazer ciência na democracia. Bauru, SP: EDISC, 2004.
LATOUR, B.. Reassembling the Social: an introduction to Actor-Network-Theory. Oxford: Oxford University Press, 2005. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780199256044.001.0001
LEFÉBVRE, Henri. O direito à cidade. [1968]. São Paulo: Centauro, 2001.
LÉFÈBVRE, Henri. A Revolução Urbana (Trad. Sérgio Martins). [1970]. Ed. UFMG, Belo Horizonte, 2004.
MARSHALL, Thomas Humphrey. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro. Zahar Editores, 1967.
MIRAFTAB, Faranak. Insurgência, planejamento e a perspectiva de um urbanismo humano. RBEUR – Revista Brasideira de Estudos Urbanos e Regionais. Recife, V.18, N.3, p. 363-377, 2016. DOI: https://doi.org/10.22296/2317-1529.2016v18n3p363
MIRAFTAB, Faranak. Insurgent planning: Situating radical planning in the global south. Planning Theory, v. 8, n. 1, p. 32-50, 2009. DOI: https://doi.org/10.1177/1473095208099297
MUNIZ, J. “Despolitização da segurança pública e seus riscos” In SOUZA, R.; GRACINO JR., Paulo (orgs.). Sociedade em perspectiva: cultura, conflito e identidade. Rio de Janeiro: Grama Livraria e Editora, 2012, pp. 199‐133.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Nova Agenda Urbana. Quito, 2016. Disponível em: <http://habitat3.org/wp-content/uploads/NUA-Portuguese-Angola.pdf>. Acesso em: agosto, 2018.
PERLMAN, Janice E. O mito da marginalidade. Paz e Terra, 1977.
RASELLA, D.; BASU, S.; HONE, T.; PAES-SOUSA, R.; OCKE-REIS, C. O,; MILLET, C. “Child morbidity and mortality associated with alternative policy responses to the economic crisis in Brazil: A nationwide microsimulation study”, In Journal PMED, May 22, 2018, https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1002570. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1002570
ROLNIK, R. A guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015.
ROY, Ananya. Slumdog cities: Rethinking subaltern urbanism. International journal of urban and regional research, v. 35, n. 2, p. 223-238, 2011. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-2427.2011.01051.x
SOUZA SANTOS, Boaventura de. Crítica à razão Indolente. Contra o desperdício da experiência. Ed Cortez, 2000.
Copyright
Copyright (c) 2023 Rachel Coutinho M. da Silva, Thaisa Comelli
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.