Especulação, segregação e (ausência de) conflitos: matizes na produção do espaço urbano de Palmas/TO
Resumo
O presente artigo introduz discussões parciais da pesquisa doutoral em andamento que tem como objeto de estudo a tendência à pacificação e ocultação de conflitos verificadas no processo de produção do espaço urbano contemporâneo – em específico nas cidades brasileiras mais recentes – bem como suas estratégias e mecanismos de controle. Como campo de estudo, propõe-se a cidade de Palmas, capital do Tocantins, última capital planejada do século XX, fundada em 20 de maio de 1989, ano que simboliza a abertura do mundo ocidental à política econômica neoliberal. Tomando como base a observação da ausência de movimentos expressivos de resistência ao processo de produção do espaço urbano em Palmas e interpretando-a como um reflexo da tendência pacificadora de estabelecimento de consensos e apaziguamento/ocultação de conflitos característica da cidade neoliberal, elabora-se a hipótese da configuração físico-territorial da cidade enquanto um laboratório do modelo neoliberal de gestão urbana, no qual se explicitam e se realizam, de maneira imediata ou em tempo reduzido, dinâmicas socioespaciais desenvolvidas gradualmente nas demais cidades contemporâneas, através de processos historicamente construídos. Através de uma abordagem histórica do contexto da sua criação e ocupação, propõe-se uma leitura da produção do espaço urbano com base no reconhecimento de características relativas às suas condições de Cidade Nova e de cidade neoliberal, bem como da atuação incipiente dos movimentos de luta pela moradia enquanto agentes sociais deste processo.