Futuro e futurabilidade
Regimes de historicidade, crítica do design, da arquitetura e da cultura — da modernidade à abertura dos possíveis
Resumo
O artigo relaciona dimensões temporais, historicidades, crítica de arquitetura e setores relacionados. Buscamos compreender as modulações de temporalidades coexistentes, que designam posições distintas nas disputas no campo historiográfico, tanto na modernidade como na contemporaneidade. Duas inflexões no regime de historicidade vigente motivaram essa reflexão. A primeira, denominamos historicista, com franca contraposição ao ímpeto futurista anterior. A segunda inflexão que está em disputa no campo seria: presentismo, atualismo e/ou futurabilidade. Mostramos a predominância de um presente-futuro ou uma iminência do futuro na Modernidade, que parece persistir, no período contemporâneo, de modo pluriversal, intercultural e pró-comum. Observamos uma possível transição do regime de historicidade da Modernidade, derivada de sua evidente crise, aliada à irracionalidade do capitalismo — por meio do presentismo e do atualismo. Tais processos propiciam a abertura dos possíveis da futurabilidade, pois é a formação da cultura moderna capitalista que se expressa por meios desfuturizantes, sendo um obstáculo ao reconhecimento de cronologias plurais.
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