Por uma arquitetura elementar
Resumo
O ensino de projeto no primeiro ano do curso de arquitetura coloca-se como oportunidade tanto para sedimentação de uma base de conhecimentos relacionados ao modo de operar espacialmente e de associar elementos para compor um objeto arquitetônico, como para aproximação a um repertório inicial de soluções de projeto. Ao mesmo tempo, abre espaço para começar a discutir as questões da arquitetura em sua relação com a cidade. Com base nisso, este artigo apresenta a descrição de exercício concebido na disciplina Concepção da Forma Arquitetônica 2, do segundo semestre da FAU/UFRJ. O objetivo do texto é tornar explícita a agenda pedagógica da disciplina, baseada na valorização de uma chamada arquitetura “elementar”, voltada para a produção de estruturas arquitetônicas para o ordinário, e que se baseie no sintetismo e na elementaridade visual do objeto. Esta agenda tem como pano de fundo a consideração da urgência em pensar alternativas de expansão suburbana para as cidades brasileiras propondo novos padrões de urbanização baseados na pertinência do emprego da “arquitetura elementar” para tais situações. Assim, o exercício consiste em projeto de edificação sem programa definido, em lote urbano estreito, a partir da manipulação de uma estrutura independente formada por pilares e vigas e baseada numa trama modular. O foco, ao basear-se em uma ordenação modular-visual, está nas relações entre forma, estrutura e espaço. Esta agenda, além de mostrar-se como ajustada ferramenta para ensino e reflexão sobre a prática de projeto, também alinha-se com problemas arquitetônicos mais prementes na construção das cidades brasileiras. Isso porque abre espaço para a reflexão acerca de princípios de projeto baseados no emprego de formas básicas combinadas em um sistema formal compatível com os meios construtivos disponíveis, aliados a conceitos espaciais e diretrizes urbanas capazes de nortear a ocupação desses territórios, antecipando-se com isso à ocupação de cunho mais informal.
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Referências
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