Sistemas socioespaciais de solidariedade
paradoxos de uma nova cultura política da participação
Resumo
A partir do recente cruzamento entre movimentos sociais e o circuito institucional da arte contemporânea - representado pela presença do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC) na 35ª Bienal de São Paulo (2023) e pelo coletivo de a(r)tivistas indonésio Ruangrupa na direção artística da Documenta 15 (2022) -, o artigo procurou investigar o que parece ser a formação de uma nova cultura política da participação. Termos como “tecnologia social” e “modelos alternativos de economia”, atribuídos aos movimentos nos marcos da “virada decolonial da arte”, são problematizados a partir de leituras e conceitos que indagaram contradições presentes em processos anteriores de institucionalização das práticas participativas. Assim, a emergência do que chamamos de “sistemas socioespaciais de solidariedade” é analisada através da disputa de seus sentidos político-estéticos e frente a um novo horizonte de anseios por transformações sociais e de problemas urbanos.
Downloads
Referências
BISHOP, C. Participation. Cambridge:The MIT Press, 2006.
BISHOP, C. Artificial Hells: participatory art and the politics of spectatorship. Londres: Verso, 2012.
BORJA-VILLEL, M. “Seis momentos para um tempo outro”. In: LIMA, Diane et al (org.). Catálogo da 35ª Bienal de São Paulo: coreografias do impossível. São Paulo: Bienal São Paulo, 2023.
CEJAS, N. et COEDA, V. M. “Intervenciones en el hábitat campesino: una lectura crítica desde la perspectiva de tecnología social decolonial”. São Carlos, Revista Risco, vol. 21, 2023, pp. 115-126.
RIZEK, C. S. “Práticas culturais e ações sociais: novas formas de gestão da pobreza”. Rio de Janeiro, XIV Encontro Nacional da ANPUR, 2011, pp. 127-142.
COCOTLE, B. C. “Nós prometemos descolonizar o museu: uma revisão crítica da política museal contemporânea”. In: CARNEIRO, A. (org.). Arte e descolonização: MASP Afterall. São Paulo: MASP, 2019.
DAGNINO, E. et al (org.). Cultura e política nos movimentos sociais latino-americanos: novas leituras. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
DAGNINO, E. “Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando?” Caracas, Faces, 2004, pp. 95-110.
DAGNINO, R. Tecnologia Social: contribuições conceituais e metodologias. Campina Grande: EDUEPB, 2014.
DAGINO, R. Tecnociência Solidária: um manual estratégico. Marília: Lutas anticapital, 2020.
DARDOT, P. et LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
DE BRUYN, E. “Missed Encounters: Introduction to Documenta 15 Dossier”. Grey Room. Cambridge, n. 92, 2023, pp. 64-73.
DOCUMENTA. Documenta Fifteen: Handbook. Berlim: Hatje Cantz, 2022.
EASTERLING, K. Extrastatecraft: the power infrastructure space. Nova Iorque: Verso, 2014.
ESCOBAR, A. “Worlds and knowledges otherwise: the Latin Amarican modernity/coloniality research program”. San Diego, Cultural Studies, vol. 21, nos. 2-3, 2007, pp. 179 210.
KILOMBA, G. “c-o-r-e-o-g-r-a-f-i-a-s”. In: LIMA, Diane et al (org.). Catálogo da 35ª Bienal de São Paulo: coreografias do impossível. São Paulo: Bienal São Paulo. 2023.
MENEZES, H. “Coreografias do impossível, encruzilhadas do tempo”. In: LIMA, Diane et al (org.). Catálogo da 35ª Bienal de São Paulo: coreografias do impossível. São Paulo: Bienal São Paulo, 2023.
MIGNOLO, W. D. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Buenos Aires, Ediciones del Signo, 2000.
MIGNOLO, W. D. “Reconstitución epistémica/estética: la aesthesis decolonial una década después”. Calle 14: revista de investigación en el campo del arte, no. 14, 2018, pp. 14-32.
MONASTERIOS, S “Cozinha Ocupação 9 de Julho - MSTC”. In: LIMA, Diane et al (org.). Catálogo da 35ª Bienal de São Paulo: coreografias do impossível. São Paulo: Bienal São Paulo, 2023.
PERAHIA, D. B. et FARBEROFF, D. “Commoning: Environmental Reconciliation in the Work of Common Views”. OnCurating. Zurich, n. 54, 2022, pp. 141-162.
RANCIÈRE, J. O Desentendimento. São Paulo: Editora 34, 2014.
RANCIÈRE, J. Dissensus: on politics and aesthetics. Nova Iorque, Continuum, 2018.
RANCIÈRE, J. O espectador emancipado. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
SIMÕES, A. “A hora e a vez do “decolonialismo” na arte brasileira”. Campinas, Revista Visuais, no. 12, vol. 7, 2021, pp. 1-17.
SILVA, C. Entrevista para DIPHUSA. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qxqsUPNoySw&t=50s&ab_channel=DIPHUSAdocument%C3%A1rioseentrevistasavulsas. 06/09/2024.
VERGÈS, F. Decolonizar o museu: programa de desordem absoluta. São Paulo: Ubu. 2023.
Copyright
Copyright (c) 2025 Rafael Goffinet de Almeida

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.