Cartografia da insegurança
caminhos possíveis para o desenho dos espaços públicos sob a perspectiva de gênero
Resumo
Para as mulheres, o uso e apropriação do espaço urbano passa por um mapa mental do medo, a partir do qual escolhem rotas, horários e companhias para percorrer determinados trajetos. O objetivo deste artigo é identificar os elementos que constituem o mapa do medo de modo a estabelecer diretrizes de espaços públicos para o urbanismo feminista. O objeto de estudo são auditorias de segurança com mulheres realizadas em duas praças no Centro Histórico de Porto Alegre (RS). As auditorias são ferramentas que se destinam a identificar os elementos do espaço construído e de sociabilidade que interferem diretamente nas condições de uso e apropriação dos espaços públicos das mulheres. Para cada praça foram realizadas auditorias de segurança nos turnos da tarde e noite, e para espacializar os dados levantados nessas auditorias, foi incorporada a cartografia da insegurança: os resultados foram sistematizados e analisados a partir de mapas sínteses. Os resultados mostram que ambas as praças foram vistas como inseguras tanto para caminhar, como para permanecer. A percepção de insegurança relacionou-se em geral com uma sobreposição entre arborização excessiva e iluminação e uso insuficiente. Foram testadas duas formas de representação das cartografias. Uma identificada à contribuição no campo do planejamento urbano e outra mais adequada ao desenho urbano. Importante destacar que a metodologia explora não somente a buscas por respostas ao problema a partir de planos e projetos, mas também, pela mudança da percepção das mulheres para potencializar usos e apropriações dos espaços.
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